QUATRO
ANOS DE CRÓNICAS NA BIRD MAGAZINE
Estávamos
no final do ano de 2014 quando aceitei o desafio de escrever quinzenalmente
para a BIRD Magazine. Foi-me dito que
o poderia fazer de forma livre, sem temática específica, sem pressões. Iniciei essa
tarefa no arranque de 2015, precisamente no dia 3 de janeiro, com a crónica
“Sem Rosto e Sem Rasto”. Eu próprio fiquei surpreendido com a rapidez e
facilidade com que a escrevi, mas, acima de tudo, com o seu tom irónico e um
toque de humor, perante assuntos sérios – fórmula que fui repetindo, apesar da
variação das temáticas abordadas –. Seguiu-se “Os Degraus da Felicidade”, “A
Lucidez do Embriagado, “Leaks Há Muitos, Seu Palerma!”, “Aqui Há gato!”, “Não
Há Coração que Aguente!”… Os títulos, que surgiam espontaneamente, pareciam
apelativos e poderiam conduzir à leitura. Sentia prazer na escrita e, sem
presunção, entendo que isso transparecia através da mesma. Sei que as pessoas,
de uma forma geral, rejeitam ler textos extensos, mas esse entusiasmo pela escrita
levava a “soltar-me”, para depois ter um esforço suplementar de síntese e não
ultrapassar as duas páginas A4, quando é expectável que as crónicas tenham uma
narração curta. Mesmo assim, as estatísticas das visitas às crónicas na BIRD
Magazine – replicadas no meu blogue pessoal –, eram muito animadoras.
Rapidamente,
entendi que as devia autointitular “Crónicas do Fim do Mundo”, embora sem essa
designação na revista online; escrevi
sessenta crónicas até junho de 2017, altura em que fiz uma mudança pessoal e
radical. Daí em diante, e mantendo a determinação de escrever, autointitulei-as
“Crónicas do Coração do Minho”; surgiram mais trinta e uma crónicas, até ao
presente. Com esta, completa-se um total de noventa e uma crónicas,
precisamente após completar quatro anos de participação.
A
liberdade de abordagem das temáticas levou ao aparecimento de textos que seriam
integrados nas categorias “Ambiente e Natureza”, “Desporto”, Ciência e
Tecnologia”, “Filosofia”, “Lifestyle”… mas, tendencialmente, “Cidadania e
Sociedade”. Sabe-se que o cronista inspira-se, naturalmente, em acontecimentos
do dia a dia. Muitas vezes, senti necessidade de efetuar trabalhos de pesquisa
para sustentar, realisticamente, o que fundamentava, sem pretender torná-los em
artigos de opinião. Por diversas vezes, abordei conteúdos polémicos, de modo a
fomentar discussão e despertar consciências adormecidas. Mostrei a minha faceta
irreverente, a par da vontade de passar mensagens, deixando ao leitor a
capacidade e liberdade para as assimilar ou rejeitar.
Acredito
que a democracia só faz sentido e se consolida com a intervenção cívica dos
cidadãos, e que essa intervenção será tanto mais eficaz quanto mais conscientes
estiverem da realidade que os cerca. Na BIRD Magazine colaboram, regularmente,
várias dezenas de cronistas, em vários domínios, e sei que estes dão um
importante contributo para um aumento dessa tomada de consciência. Senti-me
honrado em fazer parte desta equipa. Contudo, há novos desafios que se colocam,
a requerer novas estratégias. Sabe-se que há o “nascer, crescer, envelhecer e
morrer”. Mas sabe-se também que a alegria de viver pode prolongar a existência.
Mesmo após a morte pode haver o renascer, com experiências acumuladas, que
conduzam a novos patamares de progresso. Simplesmente: é preciso acreditar! Cessou
a minha participação nesta revista online,
sem dramas. Se há necessidade de mudança, o princípio de um novo ano é sempre
um incentivo.
© Jorge Nuno (2019)