POEMA SEM PÉS NEM CABEÇA
Posso ser cabeça de vento
Ou cabeça-de-alho-chocho,
Posso atirar-me de cabeça,
Enfiar o barrete na cabeça
E algumas vezes perder a
cabeça.
Posso dar cabo da cabeça,
Dar com a cabeça nas
paredes,
Andar com a cabeça à roda
Ou pôr a cabeça de molho,
Meter o que quero na
cabeça,
Meter a cabeça onde quero,
Dizer o que me passa pela
cabeça,
Dizer o que não me passa
pela cabeça
E escrever sem pés nem
cabeça!
Sabendo que cada cabeça
sua sentença…
Vou para a cabeça do touro!
E assim, de cabeça
levantada…
Mantendo a cabeça fria
E porque a poesia não é
bicho-de-sete-cabeças…
Digo o que não passa pela
cabeça dos outros
Com a certeza que serei
cabeça de cartaz!
Almada, 24 de setembro de 2012
Jorge Nuno