O MILAGRE DO LINHO
Cultivado o “galego” no florir
Com legumes e amor de permeio,
“Mourisco” no outono quer partir
Na vizinhança do trigo e centeio.
“Chão das hortas” sofre trato, gradeio,
Sementeira, rega, monda, parir…
(Arrancado p´la raiz sem receio),
Ripar, enriar em leito a fluir.
Secar ao sol, enérgico malhar,
Macerar, acamar, usar espadela,
Assedagem, fiação e barrela…
Entre luta tenaz e terno olhar.
Meadas suspensas, a ondear,
Dobadas sem pressa, devagarinho…
Enformam-se novelos de carinho,
Mágico fio de ir ao tear.
Há esforço hercúleo p’ra ter o miminho
(Após urdidura, saber, cautela…),
Mera vontade de pintar na tela
Esse espantoso milagre do linho.
© Jorge Nuno (2014)
Poema a declamar pela poetisa amiga, Teresa Almeida, durante o evento "Linho & Poesia", que irá decorrer na Casa da Cultura de Sendim (Miranda do Douro), no próximo dia 8 de novembro, pelas 15h30, e que envolve também o lançamento do livro "Poemas de Linho", do poeta amigo José Alberto Rodrigues.