SOU ESCORPIÃO! E DAÍ?
Pois bem, sou escorpião! Talvez seja
melhor soletrar: es-cor-pi-ão… es-cor-pi-ão!... (no mínimo, alguém dirá logo:
“Ui!...”). Já nem sei é obstinação, pura falácia, ou suja predição de
ineficácia… isto de ver o signo como sina malfadada, deixando à partida,
encurralados todos os que têm um signo de “má-fama”. Nunca gostei de
generalizações abusivas, pois sei que cada ser é único. Sinceramente, apesar de
falar no assunto, é algo que não me perturba, pois se me entregar a algo apaixonadamente,
tiver algumas capacidades ou talento para o efeito e souber aproveitar a
conjuntura e as oportunidades surgidas, sei, por antecipação, que tudo se
resolverá em conformidade e não tenho com que me preocupar.
Apesar disso e tendo como pano de fundo
o zodíaco, fiquei recentemente a saber que este é um ano de liberdade, que se
deve entender como de libertação. Haverá novas ideias, movimento, impulsividade
por instinto ou intuição, encontro com sentimentos profundos… Também há muito
que sei que é nesse encontro com sentimentos profundos que me fico a conhecer
melhor.
Com suavidade, deixo escapar o que se
encontra escondido na caixa do “politicamente não correto”, tendo presente que
a minha casa cármica mostra-me o que quero esconder e não mostrarei a ninguém. Também
sei que tudo o que é negativo em mim tem um tempo de vida limitado e, como tal,
simplesmente, desvalorizo-o, procurando manter na mente, de forma permanente,
imagens positivas.
Assim, conheço-me como homem capaz de:
– Procurar o contacto com a natureza e
apreciar as coisas simples da vida;
– Relacionamentos com bases sólidas,
apesar de alguns constituírem-se como desafios permanentes;
– Criar empatias (algumas
hipnotizantes) e, facilmente, desenvolver novas amizades;
– Nunca se deixar acomodar ou cristalizar,
estando sempre disponível para avaliar a renovação, com as inerentes mudanças a
operar, depois de ouvir o coração;
– Saber aproveitar (com garra) novas
oportunidades, convicto de que não deve abraçar todos os desafios, mas aqueles
que abraça, irá desenvolvê-los com paixão, mesmo mantendo a produtividade sem
ordem de prioridade;
– Ser um abridor de caminhos e lançador
de sementes, que tenham desenvolvimento e continuidade em novos ciclos (mesmo
que outros fiquem com os louros);
– Idealizar, programar e liderar
projetos em que acredita, com envolvimento, persistência, dedicação e exemplo (bem
ao estilo do “follow me”);
– Enfoque no essencial, em detrimento
do acessório, imprimindo uma marca pessoal nos esforços;
– Sentir-se carregado de energia
positiva e muita luz e, na contrariedade, saber arranjar forças para erguer a
cabeça e subir para a garupa do cavalo, desfrutando, de novo, a caminhada;
– Acreditar e envolver-se em causas, olhando
serenamente para a vida, mas sempre com denotado entusiasmo;
– Atravessar períodos de grande
sensibilidade, com tudo o que isso implica, mas procurando agir com alguma dose
de inteligência emocional;
– Gostar de ser fiel à sua essência, pelo
que evita tudo o que seja facilitismo e que esteja fora dos princípios éticos,
que há muito interiorizou e não abdica;
– Sentir-se abençoado pela coragem de
resolver a maior parte das questões, e se outras não consegue… é porque a
solução não depende de si.
Aproveito alguns momentos da noite para
uma profunda reflexão. É curioso: enquanto lá fora está escuro, eu fico com uma
perspetiva mais clara das coisas! Tal, permite redefinir o percurso, para
orientação futura, embora, na maior parte das vezes, simplesmente deixe fluir…
Para mim, durante muito tempo e apesar
de saber da sua movimentação no espaço, as estrelas sempre estiveram em posição
“estável” e pessoalmente favorável, tal como a minha constância em relação às
coisas boas da vida, que recebo e agradeço diariamente. Sei que nasci no Ano
Internacional do Sol Calmo. Pelo meu mapa astral, sei que sou um nativo com o
Sol em escorpião e com a Lua em oposição. Também sei dos indícios
“coincidentes” com o meu lado misterioso, emocional, sensível, determinado,
capaz de facilmente brilhar (sem usar purpurinas) chamando a atenção por onde
vier a passar e no gosto em ser notado pelos seus méritos (e não, certamente,
por pendurar abóboras no pescoço).
A verdade é que pouco me importava com
tudo isso, e ainda menos com: o ascendente Saturno, na casa 8, a contribuir
para ter vontade de mudar os padrões e aprender a ter mais desapego,
deixando-me a vontade de alívio progressivo na carga da bagagem, que levo na
viagem; o domínio de Plutão, por estar na casa 7, a caraterizar-me de forma determinante
ao nível relacional; a hora sideral aquando do meu nascimento, em que Mercúrio,
Vénus e Neptuno se encontravam na casa 9 (juntamente com o Sol), tivessem uma
enorme influência nas grandes mudanças e/ou se me foi proporcionada uma
generosidade a atingir os limites do inconsciente, que me terá levado ao desejo
de ensinar/formar/difundir o saber, mas sempre com a vontade insaciável e
permanente de aprender e aumentar o conhecimento.
Ai este generoso espelho que me faz ver
e realçar o lado bom que há em mim!
Sou como sou. Sou Escorpião! E daí?
© Jorge Nuno (2016)
Obs.: Publicado na
BIRD Magazine (criada na UTAD)