Caso as crianças fossem ensinadas a tomar consciência
da sua sombra, partilhando até mesmo os seus pensamentos mais sombrios,
perdoando-se por não serem “boas” o tempo todo, aprendendo a libertar os seus
impulsos sombrios através de escapes saudáveis, infligir-se-iam muito menos
danos à sociedade e ao ecossistema.
Deepak Chopra (1946 - ...)
Médico endocrinologista indiano, escritor e professor de Ayurveda (conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dele um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade), espiritualidade e medicina corpo-mente. Autor de mais de 25 livros de autoajuda (bestsellers), traduzidos em mais de 35 idiomas, tornou-se o mais conhecido divulgador da filosofia oriental no mundo ocidental.
O Bem, o Mal, a Sombra e “Eu”
Dos tempos
do Gil Vicente ao atual,
Do Auto da
Barca do Inferno
Aos infernos
em que embarcamos,
Foi-me
lançada a ideia
Impregnada
de sistemas de valores
Na
simplicidade da forma dualista,
Transformada
em culpa terrível.
Se olho para
o “bem” e “mal”
Como um
problema eterno
(Se neles
acreditamos),
Posso ver
penumbra que medeia
A luz dos
meus feitos criadores
E a minha
sombra fatalista
Como uma
oponente temível.
Tenho sim, o
meu lado sombrio,
Aquilo que
não quero ser, mas sou,
Aquilo que
expõe as minhas falhas
E iludindo,
me embala e seduz,
Faz-me até de
mim próprio fugir,
Pelos
destroços de ideais falhados
Alojados em
espaço difícil de se viver.
Tenho sim, o
meu lado de elogio,
Aquilo que
sou… porque sou,
Aquilo que aviva,
feito acendalhas
E atiça o
meu recanto de luz,
Faz-me olhar
de frente e sorrir
Pelos troféus
de ideais conquistados
Alojados em
espaço bonito de se ver.
Sei que a
sombra ganha poder
Pelo poder
que eu lhe confiro,
E tenho o
poder de assumir
Que essa
força não persiste.
Ponho fim à
contrariedade…
E irei fazê-la
resplandecer,
Com a força
que o Universo me deu.
Se o “bem” e
“mal” não reconhecer,
Deixo de
sentir o que transfiro
E fico
simplesmente a sentir
Que a
dualidade já não existe,
Que encontro
nova identidade
Reconvertida
em novo ser
E asseguro
que tenho apenas um “eu”.
© Jorge Nuno
(2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário