"Na altura em que a razão é capaz de compreender o
sucedido, as feridas no coração já são demasiado profundas."
Carlos
Ruiz Zafón (1964 - …)
Escritor
espanhol, argumentista para cinema e colaborador de dois jornais espanhóis, a
residir nos Estados Unidos da América, tem vários romances publicados, alguns
deles em 30 idiomas em 45 países, o que faz dele um dos mais bem sucedidos
escritores contemporâneos de Espanha.
FERIDAS
Feridas
abertas
Expostas ao
suposto tempo fecundo
No insano desleixo,
sem saber,
Acabam anestesiadas
e fazem crer
Na presunção
que o tempo tudo cura.
Feridas
suturadas
Tratadas com
desvelo profundo
Que o propósito
deixa antever,
Por mais que
esteja a doer,
Que se
encurta o tempo da cura.
Feridas mal cicatrizadas
Como ferros
que queimam fundo
Vísceras entranhadas
no ser,
Martirizam
com agonia, ao fazer sofrer,
Onde parece
que não há tempo que as cure.
Mas há feridas
que só existem
Pela forma
como se encara o mundo,
Que se
deixam imprudentemente desenvolver,
Feridas que
outros não conseguem ver,
E apenas é preciso
tempo… para mudar a mente.
© Jorge Nuno
(2013)