O
poema, essa estranha máscara mais verdadeira do que a própria face.
Mário Quintana [Mário de Miranda Quintana] (1906 — 1994)
Poeta brasileiro
(considerado o poeta das coisas simples), tradutor (de mais de 130 obras da
literatura universal), jornalista e autor infantil, tendo recebido vários
importantes prémios literários como autor.
NÚMERO
DE CIRCO
Máscara criada
Com neblina consciente,
Oculta aspetos obscuros
De vivências em estado hipnótico,
No deleite de mostrar
Ser mais do que se é,
E mais do que mero disfarce
Transforma o “eu” autêntico
Na visão mórbida do “eu” renegado.
Fica o mundo interior
Em incontrolável suspense
Pela ousadia de atravessar,
Como arrojado número de circo,
O infernal precipício
Das trevas ocultas
Sobre extenso arame,
Em permanente desequilíbrio,
Sem vara, sem arnês, sem rede,
Na angústia de saber
Quando vai a máscara cair.
© Jorge Nuno (2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário