“A mente grata espera
continuamente coisas boas e a expetativa torna-se fé”
Wallace Wattles (1860 - 1911)
Norte-americano,
escritor de sucesso, autor de livros de autoajuda,
pioneiro dos
princípios do Novo Pensamento.
Reflexões em Noite de
Insónias
Chegam-me
ideias trazidas pelo vento. Umas são cozinhadas e digeridas de imediato, com a
sofreguidão de quem está sempre pronto a escrever. Outras, simplesmente são
levadas pela maré, deixando-as ir ao ritmo dos movimentos harmónicos simples,
sabendo que voltarão com a mesma intensidade, envoltas em espuma e acompanhadas
de algo de novo, com o cheiro intenso da maresia. Consciente que para os
brasileiros “maresia” significa um estado de total inércia, falta de energia
para fazer qualquer coisa, silêncio ou falta de movimento, e que para mim é o oposto,
ou seja, maresia significa um carregar de energia que dá intuição, vigor, dinâmica,
entusiasmo e capacidade para realizar o ato criativo.
Sinto
a mente independente do cérebro, mas que devemos manter a mente aberta com o
uso do cérebro, como sinto que se mente com a ajuda do cérebro, talvez por
mentes de culpa e determinismo. Gosto de fazer uso do cérebro e procurar a
verdade.
Como
me apercebo de tanta gente que mente descaradamente, já não sei se confie na
memória, pois por vezes a memória ausenta-se, dando a sensação de senilidade ou,
simplesmente, que estou a mentir. Passei uma vida a memorizar, a processar e a armazenar
informação no “disco duro”, que de um momento para o outro parece obsoleto, situação
agravada por um suposto vírus ter-se comportado como um vulgar apagador usado nos
quadros da escola, que tudo vai apagando, em movimentos enérgicos,
involuntários, sem controlo, parecendo que o que importa é ter o quadro limpo
no final de cada aula.
Além
dos neurónios, não haverá outras células do corpo que façam o trabalho de
memorização, criando uma minha “nova” memória celular? Como se processa em alguns
animais primitivos, como a estrela-do-mar, que possuem um sistemas nervoso
descentralizado sem cérebro? Como sobrevivem estas espécies sem cérebro? Como
sobrevive tanto humano que aparenta não fazer uso do cérebro?
Sem
querer usar clichês viciantes, teimo em querer escrever no quadro. Gosto de dar
liberdade à mente e envolver-me em atos criativos. Por vezes colo a imaginação
à realidade e crio essa realidade através do pensamento. Mas as ideias são mesmo
trazidas pelo vento, como algumas sementes que acabam por vingar em quaisquer
telhados ou à beira da estrada? Porque algumas ideias surgem em dias que nem
sequer sinto qualquer aragem, deduzo que tenha um alfobre, onde coloco as
sementes do pensamento. Assim que as sementes começam a germinar e ganham
resistência, faço o transplante para um local definitivo de cultivo, dando-lhe
os necessários cuidados de desenvolvimento.
Não
é necessário falar de sementes como combustível sagrado, falar de pensamentos
imortais, conhecimento místico, num impulso para o divino, mas sinto que devo
manter uma janela, porta, braços e coração aberto sobre a eternidade, o outro
lado da vida, para uma experiência de equilíbrio nesta vida, já que a minha paz, felicidade e
segurança provêm da minha espiritualidade, sem exigir uma explicação lógica e
terrena.
Porque
não quero hipotecar o futuro nem perder a fé nele, porque não quero ficar
agarrado apenas a pequenos pedaços de esperança, porque não quero viver na
terra do faz-de-conta, não quero ter atitudes de fuga – não quero mudar de
ambiente – nem quero ver a “panela” rebentar contra o teto, sinto que talvez esta
escrita no quadro (mesmo que de lousa negra) seja uma minha carta ao Universo, um
apelo, um escape, um libertar de pressão, como o é quando durmo e desligo a
mente, em que a mente subconsciente liberta-se das emoções e assume o controlo,
na forma de sonho, que o consciente tantas vezes rejeita.
Na
aventura de estar vivo, a libertação, em sonho ou não, é linda!
A
mente tanto pode matar como também pode curar. A atitude negativa intensifica a
dor. O medo é destrutivo e paralisador. Estes são alguns dos mecanismos que é
preciso identificar para que não nos afastem da felicidade. Fazem toda a
diferença a atitude assumida perante as contrariedades e desafios da vida e a
liberdade de escolha como se reage, tendo presente que a superação dá-se com
mudança interior, processo sem retorno após encontrado o sentido da vida.
Para
ser uma carta ao Universo, como elemento de cura, apenas me falta queimar o
original desta carta com a energia do poder do fogo, consciente da mente antecipadamente
grata.
©
Jorge Nuno (2014)
Amigo Jorge Nuno li com alguma atenção a sua carta e concluí que as suas preocupações, sem querer colar me ao seu pensamento, tem algo de muito positivo nao o digo por estar tão arrumadinha e bem escrita mas pelas verdades que comporta e pela acutilância das respostas até das suposições, hipotecar o futuro diz o meu amigo como poderemos hipotecar algo que perdemos,sejamos honestos, precisamos repensar tudo, e isso nao está nas nossas mãos, grato pelos seus pensamentos Vitorio Gil
ResponderEliminarAmigo Vitorio Gil. Agradeço a atenção de colocar neste espaço o seu comentário, sempre muito bem-vindo. Sentindo-me levado a pegar na frase "hipotecar o futuro", eu entendo que não o perdi, pois ele ainda não chegou, e o futuro depende do que eu fizer agora. Isto é válido para o ambiente, para a política e para muita coisa mais. O "eu" deve ser transformado em "nós", E coletivamente teremos o futuro que quisermos. Um abraço.
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