25/12/2015

Não Importa

NÃO IMPORTA

Não me importa a clorofila das árvores
E os fenómenos de fotossíntese,
Apenas o espanto daquele verde.

Nem por que a gravidade me atrai,
Como a puxar-me… querendo prender-me,
Se me liberto em sentido contrário.

Nem do porquê daquele azul do céu,
Do tom âmbar, vermelhão ou rosado,
Se estou grato perante tal esplendor.

Não importa estar numa noite escura
Se a escuridão é equalizador
E muda parâmetros aos meus sentidos.

Não importa que me vejam disperso
Se sei que realinho a consciência,
Atento e sem bluffs sensoriais.

Não importa que me achem cegueta
Quando consigo ver, em meu redor,
Requinte da beleza no banal.

Não importa que me julguem matéria
E, na cova, serei apenas pó,
Se eu sou energia em movimento.

Raios!… Digam então por que me indigno
Quando, nesta caminhada da vida,
Tropeço em tanta estupidez humana!

© Jorge Nuno (2015)        

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