20/05/2020

Crónicas Leves - ESTRANHO MUNDO - Parte III




ESTRANHO MUNDO

Parte III

O presidente da maior potência mundial e económica vê-se debaixo de fogo, no seu país, por não conseguir dar resposta efetiva ao controlo da pandemia. Desde o início desta, cerca de 38 milhões de cidadãos desse país ou a trabalhar nele, submeteram o pedido de subsídio de desemprego e, só em cinco semanas, registou-se cerca de 26 milhões de desempregados, a uma média superior a 5 milhões em cada semana. Até ao momento, é o país com mais mortes e casos de infeção confirmados por Covid-19 – e falamos de microrganismos, digamos “invisíveis” –. Pois à falta de resposta eficaz, o presidente afirmou que o número de casos de infeção é motivo de orgulho e avança com a oficialização da criação de um novo ramo das Forças Armadas – a Força Espacial –, como uma necessidade imperiosa de militarizar o espaço, que é com quem diz, preparar o país para deter o domínio da guerra espacial.

Incongruências acontecem um pouco por todo o mundo, fazendo com que aconteça mais do mesmo! Há logo quem se aproveite da pandemia para entrar no campo dos ilícitos criminais, com fraudes a pretexto de donativos, equipamentos ou soluções para esta pandemia, etc., etc…
Vejamos alguns casos: 
O Gmail[1] divulgou que, só numa semana de abril de 2020, registou uma média diária de 18 milhões de e-mails falsos, relativos à Covid-19. Com domínios falsos ou software malicioso, havia o propósito de extorquir dinheiro, sob a forma de donativos ou outros, ou ter acesso aos dados pessoais dos utilizadores.  
A Europol e Interpol, com apoio das autoridades financeiras da Alemanha, Irlanda, Holanda e Reino Unido, desmontaram um esquema fraudulento de fornecimento de máscaras faciais “inexistentes”, após clonagem de uma página de Internet de uma conhecida empresa – negócio a envolver muitos milhões de euros, um previsto transporte em 52 camiões, com direito a escolta policial, e que terá lesado as autoridades de saúde alemãs, com parte do dinheiro a ir parar ao Reino Unido e Nigéria.
A envolver o Reino Unido e Bélgica, uma suposta empresa farmacêutica, não legalizada, criou um nome muito semelhante à que está autorizada a produzir e comercializar um determinado fármaco. Deste modo, circula um medicamento falso, à venda através da Internet, para tratamento da Covid-19. Com embalagem idêntica, quem o adquire, pensa estar a comprar hidroxicloroquina ou cloroquina. O original poderá estar a apresentar, pontualmente, resultados favoráveis no combate a esta nova doença, mas as autoridades sanitárias insistem em alertar para várias contraindicações deste medicamento, que foi concebido para tratamento de outra doença – a malária.
No sul de Itália – a região mais pobre e com mais desemprego no país –, continua o receio, com fundamento, que possa voltar a ficar sob forte influência da máfia, após e ainda durante o novo coronavírus, caso o Estado não consiga apoiar a população e empresas necessitadas. As notícias mais sensacionalistas apontam: “Máfia mata a fome aos pobres”. A questão é que, com pouca empregabilidade e com a obrigatoriedade de encerramento de comércio, indústria e serviços, a máfia estará num ascendente junto desses setores, financiado agora para deixar os empregadores reféns.
Por cá…
A ASAE[2] recebeu, no primeiro mês em que foi declarada a pandemia, cerca de 4500 queixas por especulação de preços, o que levou a vários processos-crime e processos de contraordenação, por ser evidente estar-se perante a prática de obtenção de lucro ilegítimo em produtos como o álcool, gel desinfetante e máscaras de proteção individual.
O Centro Nacional de Cibersegurança e as autoridades de saúde, têm vindo a alertar para campanhas de smishing (phishing por SMS) – uso de App fraudulentas, roubo de informação confidencial, ou bloqueio de telemóveis, beneficiando financeiramente os infratores. Alguém que se faz passar pelo SNS - Serviço Nacional de Saúde, por uma entidade bancária ou, simplesmente, uma App que pretende dar informação sobre a pandemia em tempo real, e direciona o “lesado” para um site falso ou suposto homebanking. Constata-se a extorsão de 100 dólares em bit coin[3] para desbloquear cada telemóvel; acesso a dados do cartão de crédito, para uso indevido; direcionadas quantias generosas de donativos para contas que nada têm a ver com solidariedade…
Há quem se faça passar por médico e procure o contacto pessoal, selecionando, preferencialmente, pessoas idosas, como se fossem fazer testes, e acabam por burlar essas pessoas mais vulneráveis. 


Com mais de 4,9 milhões de pessoas infetadas em 196 países e territórios, e registo de 323.370 mortes[4], há pessoas, sem escrúpulos, que se aproveitam da desgraça alheia e tudo fazem para ter elevados proveitos, com alguns a querer tornarem-se milionários facilmente, numa altura em que o mundo está numa fase de empobrecimento abrupto.   

O seguinte provérbio oriental é muita realista: “tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens frágeis que criam tempos difíceis”. Saibamos construir um futuro novo, para não se repetirem ciclos que não desejamos.

Obs.: Quanto à foto que acompanha a crónica… se fosse na região de Bragança, alguém diria logo: “Bô, e este agora!?... Emalucou!”. Acontece que um apreciável grupo de amigos (mais de cem), em poucas horas, reagiu favoravelmente a um meu post, em que lhes solicitava sugestões de penteado para um enorme cabelo, como forma de atenuar a falta de ida ao cabeleireiro, durante este período de confinamento. A verdade é que, na votação, o rabo de cavalo ganhou. E, afinal… optei pelo cabelo com tranças como a Pipi das Meias Altas! Expliquei-lhes que exerci o meu direito a ter opinião própria e pedi-lhes para não ficarem indignados, ao saberem que não respeitei o seu sentido de voto. Se formos a ver bem, ninguém mostrou indignação quando, num passado recente, uns ganharam as eleições legislativas e outros formaram o Governo de Portugal. Bem, houve alguns… lembro-me da Múmia e do Calimero, sendo que este, quando viu amputado o futuro, não parou de chorar durante meses, a dizer que o lugar era dele e não lhe deram as oportunidades que merecia. Quanto ao Submarino, esse, mais sabido e racional, simplesmente apressou-se a usar a fotocopiadora, até acabarem as resmas de papel ou o toner. E a conversa continuou referindo, a dado passo, o que disse o marido da minha mulher a dias, que tem uma prima que mora mesmo em frente a uma cabeleireira e que pintava o cabelo todos os dias, até estalar esta crise: “Pintar o cabelo faz mal à moleirinha, mas as clientes querem e eu faço a vontade!”. Eu não acho que me tenha feito mal à moleirinha!
No fundo, esta foto nada tem de estranho; pois estranho, estranho… parece estar o mundo! No entanto, no meio desta estranheza, alguns conseguem discernir com lucidez e extrair algumas revelações, um pulsar… Não fosse este último aspeto, poder-se-ia dizer: mas que estranho mundo!

© Jorge Nuno (2020)




[1] Serviço gratuito de correio eletrónico da Google.
[2] Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica.
[3] Moeda virtual, para transações eletrónicas (sem rasto…)
[4] divulgados pela Agência France Press em 20-05-2020, baseado em dados oficiais, mas que poderão ser muito mais graves, devido à incerteza relativamente aos números reais em África e América do Sul.

07/05/2020

Crónicas Leves: ESTRANHO MUNDO - Parte I


ESTRANHO MUNDO

Parte I

Meio ambiente muito menos poluído; cidades desertas e animais selvagens a passear-se nelas; uma vaca no telhado; mortos a entrar nas contas dos recuperados; libertação de 10% dos reclusos existentes em Portugal e obrigatoriedade de levantamento de dinheiro no banco com máscara; fraude de milhões de euros com máscaras de proteção individual que nunca existiram; Máfia a perfilar-se para substituir o Estado italiano na proteção do setor empresarial no sul do país; preço do crude com uma descida vertiginosa de 306%[1] nos Estados Unidos da América [EUA], a ficar em valores negativos, devido ao mundo inundado de petróleo não consumido, e produtores de petróleo a pagar 37,60 dólares por barril, que eles próprios vendem… tudo isto, em plena pandemia.

É incrível a rapidez com que as rotinas, hábitos e aspetos económicos, sociais e culturais enraizados, e até o tão necessário bom senso, estão a ser alterados. Regista-se, pela positiva, um forte aumento de genuínos atos solidários, de altruísmo, e alegria em partilhar, sem esperar nada em troca. Pela negativa, mantêm-se alguns esquemas a pender para o ditatorial, de pressão, controlo de influência e instrumentalização de instituições e, outros, fraudulentos, para a obtenção de proveitos à margem da lei e dos mais elementares princípios éticos, quando se esperavam melhorias na mudança de atitude.

A principal potência económica e militar – EUA – pela voz do seu presidente, Donald Trump, pretendeu comprar a exclusividade da vacina que viesse a tratar ou abrandar a expansão da doença Covid-19, de modo a tirar vantagens económicas com a mesma. Constatou-se que o astronómico investimento no seu poder bélico de pouco tem servido para combater este inimigo invisível; prova disso, é o facto de entre os 4.800 membros da tripulação do porta-aviões “Theodore Roosevelt” – quando 92% dessa mesma tripulação já estava testada – surgirem 550 testes positivos, que levou à demissão do comandante, pelo facto de ter pedido a evacuação de uma parte significativa dos militares infetados. É o país com maior taxa de mortalidade mundial, provocada por este vírus, quando era suposto ser o mais bem preparado para o enfrentar. O seu presidente (talvez a pensar nas próximas eleições internas), pediu aos militantes do seu partido para se manifestarem a favor do “regresso da economia”, contra os governadores dos Estados sob influência do partido opositor, por estes estarem a favor do isolamento social e valorizarem a vida das pessoas, secundarizando a economia; hostilizou o regime chinês, abrindo uma “guerra comercial” prejudicial para ambas as partes e para o mundo, afirmou que esse regime tem vindo a ocultar os dados reais desta pandemia e, agora, pede-lhes desesperadamente ajuda. Acha que é hora de despedir Anthony S. Fauci – diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas, e principal especialista na matéria ao serviço do governo –, por ter corrigido o presidente durante conferências de imprensa e fazer recomendações opostas às intenções do presidente. Como se não bastasse, o presidente atacou a Organização Mundial de Saúde [OMS], acusando-a de má gestão, por não avaliar o risco da pandemia, por encobrir falhas e por ter beneficiado a China, e anunciou a suspensão do financiamento de cerca de 500 milhões de dólares a esta importante Organização, quando esta mais precisa de apoios.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, afastou do cargo o seu ministro da Saúde – o médico Luiz Henrique Mandetta –, por este seguir rigorosamente as orientações da OMS e opor-se à ideia do presidente, que entende não haver necessidade de isolamento social e não encontra justificação para que a economia pare. Fala em “histeria” e acha que as medidas adotadas contra o novo coronavírus representam “extremismo”. A pretexto da política preconizada pela OMS, atacou, verbalmente, governadores e todos aqueles que defendem o confinamento e muita prudência no regresso da atividade económica; incentivou manifestantes contra os respetivos governadores com ideias opostas à sua; fruto deste incentivo, em seis dessas capitais, viu-se grande quantidade de pessoas nas ruas a manifestarem-se – com o presidente numa delas – complicando o controlo sanitário nessas regiões, o que se tornou preocupante, uma vez que só a cidade de São Paulo tem 11,8 milhões de habitantes, mais do que a população de Portugal.

O presidente chileno – Miguel Juan Sebastian Piñera – surpreendeu o mundo, ao anunciar na televisão que os mortos, pela pandemia, entram nas contas dos doentes recuperados, uma vez que já não contagiam ninguém. Como se não bastasse, quase em simultâneo, foi referido que irão ser libertados – supostamente, para conter o avanço da pandemia –, mais de 100 condenados por crimes contra a humanidade, pelo envolvimento em mais de 3.400 casos de desaparecimento, assassinato, tortura ou sequestro, ao tempo, colaboradores do regime ditatorial de Augusto Pinochet.
Em Portugal, o presidente da República, sob proposta do Governo, indultou cerca de 1.200 presos – representando cerca de 10% do total de reclusos existentes – saindo, a pretexto de prevenir o contágio nas prisões, como se se tratasse de uma extensão, alargada, de licenças precárias. Serviu de chacota e, também, indignação de grupos de cidadãos, mas o curioso foi observar que houve reclusos, atingidos por esta iniciativa, a recusar sair da prisão. Contrariando afirmações recentes do presidente da República, foi anunciada a saída, com licença precária de 45 dias, por ato administrativo do Diretor-geral dos Serviços Prisionais (sem intervenção de um juiz do Tribunal de Execução de Penas), de um conhecido homicida, condenado a 23 anos de prisão, no processo Noite Branca; criada estupefação e mal-estar, a licença acabou por ser suspensa in extremis, devido a um processo pendente por agressão do recluso a guardas prisionais.

Enquanto o primeiro-ministro António Costa elogiava a capacidade de resiliência, o acatamento das orientações da Direção-geral de Saúde e a unidade dos portugueses nestes momentos difíceis para a vida do país e dos próprios cidadãos, ele próprio acabou por dividir os portugueses.
Creio que os portugueses entenderão, por exemplo, ver pela primeira vez: o papa Francisco sozinho na praça de São Pedro, no Vaticano, em pleno domingo de Páscoa ou o recinto de Fátima estar encerrado, a crentes e não crentes, no dia 13 de maio; não haver quaisquer desfiles oficiais, promovidos pelas centrais sindicais, e festas no Dia do Trabalhador; comemoração de simples aniversários em família alargada; funerais sem acompanhantes e pouquíssimos familiares; ter de ficar em casa, privado do direito constitucional de liberdade, e não poder sair à rua, com liberdade de escolha do destino… Não entendem, ou é difícil entender, como é possível anunciar, nesta altura, a presença de 300 pessoas num espaço fechado – a Assembleia da República – entre deputados e convidados (a que se juntam 100 funcionários no apoio logístico), na comemoração oficial do 46.º aniversário do “25 de abril”. Perante a indignação surgida de imediato – que o presidente da AR diz não entender –, esse número foi reduzido para 130, e logo passou para 100, quando se esperava que fosse anunciado o seu cancelamento. Não houve comemoração oficial na AR nesta data – importante para os portugueses –, nos anos de 1983, devido a marcação de eleições para esse dia, 1992 e 1993, por opção do ex-presidente Mário Soares e, em 2011, pela dissolução da AR e calendário eleitoral. As motivações para não as haver em 2020 são bem maiores, e seria um importante sinal positivo aos portugueses. Se naqueles quatro anos não havia evidências que a democracia estivesse em perigo, agora também não; e se estivesse, quem ocupa tão importantes cargos de Estado e se apregoa “defensor da democracia”, com estas atitudes irrefletidas, de autista ou de teimosia, acaba por dar força aos populistas e aos que pretendem um regresso ao passado e, naturalmente, espreitam todas as escorregadelas, como oportunidades para minar o terreno da democracia e beneficiar com isso. O presidente da “Associação 25 de Abril” – Vasco Lourenço, um “capitão de abril” – lamenta o “oportunismo disfarçado” de quem contesta as comemorações na AR, mas ele próprio contesta o elevado número de pessoas presentes e diz que não estará presente.
É, no mínimo, estranho ver os portugueses “presos” em casa e os representantes da nação, e convidados, a comemorar a liberdade.

(Continua em ESTRANHO MUNDO II)

© Jorge Nuno (2020)


[1] Em 20-04-2020.

Crónicas Leves: ESTRANHO MUNDO - Parte II


ESTRANHO MUNDO

Parte II


Uma visita ao site Global Firepower[1] permite-nos tomar conhecimento das maiores potências militares do planeta. Os primeiros seis países, por ordem decrescente, são: Estados Unidos da América [EUA]; Federação Russa; República Popular da China [RPC]; Índia; França e Reino Unido. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas [ONU], que têm direito a veto, são, precisamente, cinco dos seis países mencionados com maior poder bélico, com exclusão da Índia.
A indústria militar está a gerar três milhões de dólares por minuto, registando-se um aumento substancial das despesas mundiais com o esforço de guerra, superando, em muito, os tempos da chamada Guerra Fria, em que houve desenfreada corrida ao armamento.
Já em 2007, Joseph Stiglitz – Nobel da Economia 2001 – e Linda Bilmes – economista de Harvard – chegaram ao custo real bélico dos EUA no Iraque, no Afeganistão e num outro projeto associado ao “combate ao terrorismo”, cifrando-se nos 600 biliões de dólares[2].
Como é possível que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU queiram a paz na Terra se são eles têm interesse na promoção da guerra, e basta o veto de apenas um para abortar qualquer esforço de paz?
Líderes que querem alterar a constituição para eternizar um poder absoluto, com projetos megalómanos de globalização, sem opositores internos – que silenciam – e que, perante situações externas que ainda não controlam, compram o silêncio de outros líderes menos poderosos.
Um líder a sugerir, frente às câmeras de televisão, numa sala cheia de jornalistas, que fosse injetado um desinfetante no corpo das pessoas, como forma de eliminar o novo coronavírus, a fazer disparar o número de pessoas que acorreram às urgências, por intoxicação. Coisa menor… por se tratar de “notícias falsas”, disse.
Loucos, ganância, contrainformação, acusações de vírus criado em laboratório, seja em Kansas [EUA] ou em Wuhan [RPC], e população infetada em 195 países do mundo.

Isto, faz-nos lembrar a peça dramática “O Rei Lear”, de William Shakespeare, em que um dos temas principais desta obra-prima – escrita com o seu ideal de justiça e humanidade[3] – é a cobiça, apresentando-nos, na parte final, um rei que enlouqueceu. Fiquemo-nos por quatro ideias:
– o bobo diz a verdade ao rei e ele não percebe;
– é uma infelicidade da época que “os loucos guiem os cegos”;
– “essa é a maravilhosa tolice do mundo: quando as coisas não nos correm bem (…) coloca-se a culpa no sol, na lua e nas estrelas, como se fôssemos tolos por compulsão celeste, velhacos, ladrões e traidores pelo predomínio das esferas (…) sendo toda a nossa ruindade atribuída a influência divina”, e nunca o próprio assume a culpa, pois será sempre alheia;
– no bosque, o rei Lear pergunta ao cego, o conde de Gloucester: “Como é que você vê o mundo?” e Gloucester responde: “Eu vejo-o com todo o meu sentimento”.

Estranho mundo com tanta cegueira! Se o povo de alguns desses países é obrigado a não ver, noutros, mais livres, é incompreensível a cegueira.
Três dos países, considerados potências militares e que integram o Conselho de Segurança da ONU, estão no Top5 de óbitos pela Covid-19!

Ainda se vai conseguindo extrair algumas revelações, um pulsar… que apesar de intenso, acabam por ser poucos a conseguir discerni-lo com lucidez. Temos tido agora muito tempo para refletir e fazer-nos desejar, ardentemente, que surja o “milagre” da visão, em cada um de nós, e colocar essa visão e todo o nosso sentimento – positivo, espera-se – ao serviço da humanidade, para uma existência mais consciente, fraterna e justa, sem loucos ao leme.

(Continua na Parte III)

© Jorge Nuno (2020)


[1] dados de 2018.
[2] um bilião equivale a 1 seguido de doze zeros [1 000 000 000 000].
[3] por volta de 1605.