ESTRANHO MUNDO
Parte II
Uma visita ao site Global Firepower[1]
permite-nos tomar conhecimento das maiores potências militares do planeta. Os
primeiros seis países, por ordem decrescente, são: Estados Unidos da América
[EUA]; Federação Russa; República Popular da China [RPC]; Índia; França e Reino
Unido. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas [ONU], que têm direito a veto, são, precisamente, cinco dos seis países
mencionados com maior poder bélico, com exclusão da Índia.
A indústria militar está a gerar três
milhões de dólares por minuto, registando-se um aumento substancial das
despesas mundiais com o esforço de guerra, superando, em muito, os tempos da chamada
Guerra Fria, em que houve desenfreada corrida ao armamento.
Já em 2007, Joseph Stiglitz – Nobel da
Economia 2001 – e Linda Bilmes – economista de Harvard – chegaram ao custo real
bélico dos EUA no Iraque, no Afeganistão e num outro projeto associado ao “combate
ao terrorismo”, cifrando-se nos 600 biliões de dólares[2].
Como é possível que os membros permanentes
do Conselho de Segurança da ONU queiram a paz na Terra se são eles têm
interesse na promoção da guerra, e basta o veto de apenas um para abortar qualquer
esforço de paz?
Líderes que querem alterar a constituição
para eternizar um poder absoluto, com projetos megalómanos de globalização, sem
opositores internos – que silenciam – e que, perante situações externas que
ainda não controlam, compram o silêncio de outros líderes menos poderosos.
Um líder a sugerir, frente às câmeras de
televisão, numa sala cheia de jornalistas, que fosse injetado um desinfetante
no corpo das pessoas, como forma de eliminar o novo coronavírus, a fazer
disparar o número de pessoas que acorreram às urgências, por intoxicação. Coisa
menor… por se tratar de “notícias falsas”, disse.
Loucos, ganância, contrainformação,
acusações de vírus criado em laboratório, seja em Kansas [EUA] ou em Wuhan
[RPC], e população infetada em 195 países do mundo.
Isto, faz-nos lembrar a peça dramática “O Rei
Lear”, de William Shakespeare, em que um dos temas principais desta obra-prima
– escrita com o seu ideal de justiça e humanidade[3] – é a cobiça, apresentando-nos,
na parte final, um rei que enlouqueceu. Fiquemo-nos por quatro ideias:
–
o bobo diz a verdade ao rei e ele não percebe;
–
é uma infelicidade da época que “os loucos guiem os cegos”;
–
“essa é a maravilhosa tolice do mundo: quando as coisas não nos correm bem (…)
coloca-se a culpa no sol, na lua e nas estrelas, como se fôssemos tolos por
compulsão celeste, velhacos, ladrões e traidores pelo predomínio das esferas
(…) sendo toda a nossa ruindade atribuída a influência divina”, e nunca o
próprio assume a culpa, pois será sempre alheia;
–
no bosque, o rei Lear pergunta ao cego, o conde de Gloucester: “Como é que você
vê o mundo?” e Gloucester responde: “Eu vejo-o com todo o meu sentimento”.
Estranho mundo com tanta cegueira! Se o
povo de alguns desses países é obrigado a não ver, noutros, mais livres, é
incompreensível a cegueira.
Três dos países, considerados potências
militares e que integram o Conselho de Segurança da ONU, estão no Top5 de
óbitos pela Covid-19!
Ainda se vai conseguindo extrair algumas
revelações, um pulsar… que apesar de intenso, acabam por ser poucos a conseguir
discerni-lo com lucidez. Temos tido agora muito tempo para refletir e fazer-nos
desejar, ardentemente, que surja o “milagre” da visão, em cada um de nós, e
colocar essa visão e todo o nosso sentimento – positivo, espera-se – ao serviço
da humanidade, para uma existência mais consciente, fraterna e justa, sem
loucos ao leme.
(Continua na Parte III)
© Jorge Nuno (2020)
[1] dados de
2018.
[2] um bilião equivale a 1 seguido de doze zeros
[1 000 000 000 000].
[3] por volta
de 1605.
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