O sorriso que ofereceres, a ti voltará outra vez.
Guerra
Junqueiro (1850 – 1923)
Político/deputado, diplomata, jornalista e
escritor português, mas acima de tudo um poeta de enorme talento, cuja poesia terá
contribuído para o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da
República. O seu corpo repousa no Panteão Nacional.
(Com um toque de humor e o meu sorriso :-)
SONS DO MEU POUSO
No quintal
do outro lado,
Com mais um
dia a raiar…
Começa o
galo Marcelo
Esganiçado a
cantar.
Dias de
limpeza a fundo
São manhãs
de desagrado,
Solta a voz
a dona Inácia
Para
assassinar o fado.
O palerma do
vizinho
Não dá
sossego ao martelo,
Ainda me diz
no focinho:
São obras de
Sant’Engrácia!
O Chico, na
oficina,
Faz um
barulho infernal,
Ainda vai prò
outro mundo
A rebarbar o
metal.
No rés do
chão, o Romeu,
Aluno de
percussão,
Faz duas
horas de treino
Que me levam
à exaustão.
É o mais
novo da Tina…
E tem
bicho-carpinteiro,
Arrasta,
pula à maneira,
Uiva o santo
dia inteiro!
Ai o senhor
Magalhães
Que devia
dar exemplo!...
Pois sendo
ele o porteiro
Nunca cala
os seus cães.
São as horas
de Maria…
Relógio do
campanário
D’altifalante
ligado
E as “meias”…
d’agonia!
Não fui eu
quem assim quis…
A cada cinco
minutos
Há comboio
de passagem,
Estridentes…
seus carris.
Até bem
perto de mim,
Após risada sarcástica,
Da boca sai
a estalar
Bola de
pastilha elástica.
Há ideias
criativas!...
Mas por que
raio fui dar
A passar de
três mil euros
Por próteses
auditivas?
© Jorge Nuno
(2014)
Para ouvires tal chinfrim
ResponderEliminarMais valia continuares surdo
Pois assim como assim
Não ouvirias tanto absurdo
eh, ehhhhhhh
Boa Jorge Nuno!!
Muito oportuno o conteúdo, amigo José Matias. Com sempre... uma quadra a acertar na muche! :-) Um abraço.
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