UMA
QUESTÃO DE NÚMEROS (OU TALVEZ NÃO)
Pelas
duas horas…
Começa
levemente,
Como
que ao longe surjam ténues sons,
Qual
folhear de uma árvore, soprada por brisa suave,
Que
origina uma intensidade de som próxima dos 35 dB (decibéis).
À
noite, o som assume proporções diferentes,
Parece
que amplia para o triplo.
Às
três, já começa a agonia.
Iniciado
de forma indolente,
O
número de decibéis aumenta exponencialmente.
Às
quatro, já só penso em fugir.
Mas
espero.
Com
a aparente apatia, típica dos portugueses,
Demoro
algum tempo a reagir.
Entretanto
deliro…
Com
a fórmula ou equação logarítmica
Da
intensidade sonora.
Às
cinco, ecoa na minha cabeça
Como
uma maldição
Ou
rugir de motores de avião.
O
som passa para 125 dB,
O
batimento cardíaco, muito intenso,
Vai
nas 140 pulsações/minuto
E
a sistólica dispara para os 195 mmHg.
Às
seis, como que em simultâneo,
Racha
o teto e abrem fendas no meu crânio.
Já
não aguento mais!
Instantaneamente,
sinto-me levitar.
Já
não aguento mais o ressonar!
Em
transe, acelero aos 160 km/h
E…
mudo de cama!
Almada, 8 de maio de 2012
Jorge Nuno
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