25/06/2012

Voz que Vem de Mim

Foto: Extraída da revista-saude.blogspot.com


VOZ QUE VEM DE MIM


Sei que te dizem com insistência:
- Mas que veia poética!...
E com algum ar sério:
- Mas tem muita sensibilidade!...
Pois tens!
E quem acredita que isso ajuda a mudar o Mundo?
É que essa sensibilidade é algo estranha,
Em tempos de grande insensibilidade!
Vê-se claramente a sua ausência,
No cinismo das relações interpessoais,
No grotesco das relações geracionais,
No seio das famílias disfuncionais
Na ambiência das relações laborais,
Nas comuns decisões governamentais,
Que põem tanta gente aos ais… aos ais!…
Sei que tens sensibilidade e muita!
Mas diz-me, louco,
Como é possível ser-se poeta,
Viver-se poesia,
Sentir-se poesia…
Perante tanta miséria humana?
Isso parece fazer de ti um insensível!
Porque espicaças a gente que dá ais…
A que já parou de gemer,
Ou a que nunca gemeu, de conformismo?
Sei que achas que
O que faz falta é agitar a malta,
A lembrar as lutas de outros tempos.
Mas se pensares bem…
Talvez encontres o caminho,
Se achares que
O que faz falta é animar a malta!
Como se lutou e cantou noutros tempos.
Mas talvez possas agitar e animar a malta!...
Admito as tuas dúvidas!
Por isso, segue a tua intuição
E vai ouvindo “A Voz”
Continua as tuas lutas,
Sempre disponível para mudar o mundo,
Porque só estes é que o conseguem mudar!

                            Braga, 22 de junho de 2012

              © Jorge Nuno

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