O
LANÇADOR DE SEMENTES E O REQUIEM ADIADO
Desta vez,
Falta-me a coragem!
É um caso de sensatez,
Não uma questão de imagem
Ou querer navegar em mar chão
Deslocando-me, seguro, à vela
Com o ar dos aplausos!
Sei que devo acarinhar
O poeta da leveza da escrita,
Mas não consigo enterrar
O poeta da causa maldita!
Não lhe faço elogio fúnebre
(E tantos o têm sem merecer!...)
Porque se o fizesse
Admitia a sua partida.
Digo apenas, para nós,
Que ele é como o Zeca…
Não queria ovações… palmas…
Apenas que ouvissem a sua voz!
Contentava-se com o lançar de
sementes,
Sabendo que umas caíam na terra
E outras eram levadas pelo vento!
Dos trigémeos fui o primeiro.
Conheço-lhe a causa maldita,
Conheço-lhe o ideal do celeiro,
Conheço-lhe a veia erudita.
Comparar-me, não mereço…
Mas conheço-lhe o sentir de poeta,
Desde que eu me conheço!
E como dói só a ideia de pensar…
Com apoio de amigos presentes
Levar um irmão a enterrar,
Um lançador de sementes!
Só tocarei o “Requiem” de Mozart
E lhe direi “descansa em paz”,
Se eu retomar a luta mal sucedida
E a todos os níveis ser capaz…
Transformar o ideal da causa maldita
Na realidade da causa vencida!
Almada, 16 de julho de 2012
Jorge Nuno
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