21/08/2013

O Criador de Ilusão



Todos vivemos com a ilusão de que os outros, por fora, nos vejam como nós imaginamos ser por dentro. 

Luigi Pirandello (1867 - 1936)
Poeta, romancista e dramaturgo italiano, com vasta obra publicada. Foi um grande renovador do teatro, com profundo sentido de humor e grande originalidade. 
Obteve o Prémio Nobel da Literatura (1934).



O Criador de Ilusão



Ai… a firmeza na negação

E o medo da revelação,

A mentira como culto

Mantida em cofre oculto,

A vergonha dos defeitos

Sabendo-nos todos imperfeitos,

A culpa do que se fez

Transferida com desfaçatez,

O manto da ignorância

Bordado com rendas de elegância,

O rejeitar da fraqueza

Escondido com subtileza,

A crítica acirrada

De moralidade mascarada,

A falsa beatitude

Como uma pública virtude,

A passagem ao isolamento

Como um bom comportamento,

Uma montra de vaidades

Travestidas de qualidades,

O preconceito e a emoção

A minar a perceção,

A criação de aparência ilusória

Revivida com glória.



Ai… o criador de ilusão

Enganado pela sua criação!



© Jorge Nuno (2013)

20/08/2013

Salpicos de Felicidade



"Na caminhada procuro aprender a encontrar o que me faz feliz, pois a felicidade é a escolha dos pensamentos".

Louise L. Hay (1926 - …)
Escritora motivacional, oradora e empresária de sucesso norte-americana, fundadora da Hay House (publicações com livros de autoajuda) uma das fundadoras deste tipo de literatura e do conceito de “autoajuda”. O seu primeiro livro - “Cure seu corpo ”, foi publicado em 1976, bem antes da discussão sobre a conexão entre o corpo e a mente virar moda, sendo este livro bestseller em muitos dos 33 países em que foi publicado, em 25 idiomas diferentes.
Através das técnicas de cura e da filosofia positiva, influenciou milhões de pessoas incluindo o seu bem-estar (corpo, mente e espírito).

Salpicos de Felicidade

Encontro salpicos de felicidade
Na minha ligação ao exterior
Sem obsessão pelo futuro,
Ao libertar-me do passado
E fixar-me no presente,
Nas muitas escolhas que faço
Guiado pelo coração,
Ao ver e sentir beleza
Nas coisas simples da vida,
Nas francas dádivas e partilhas
Com retorno do Universo,
Ao ter palavras, sentimentos
E pensamentos alinhados
E ao saber que tudo o que preciso
Está dentro de mim.

© Jorge Nuno (2013)

19/08/2013

O Bem, O Mal, a Sombra e "Eu"



Caso as crianças fossem ensinadas a tomar consciência da sua sombra, partilhando até mesmo os seus pensamentos mais sombrios, perdoando-se por não serem “boas” o tempo todo, aprendendo a libertar os seus impulsos sombrios através de escapes saudáveis, infligir-se-iam muito menos danos à sociedade e ao ecossistema.

Deepak Chopra (1946 - ...)
Médico endocrinologista indiano, escritor e professor de Ayurveda (conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dele um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade), espiritualidade e medicina corpo-mente. Autor de mais de 25 livros de autoajuda (bestsellers), traduzidos em mais de 35 idiomas, tornou-se o mais conhecido divulgador da filosofia oriental no mundo ocidental.



O Bem, o Mal, a Sombra e “Eu”



Dos tempos do Gil Vicente ao atual,

Do Auto da Barca do Inferno

Aos infernos em que embarcamos,

Foi-me lançada a ideia

Impregnada de sistemas de valores

Na simplicidade da forma dualista,

Transformada em culpa terrível.



Se olho para o “bem” e “mal”

Como um problema eterno

(Se neles acreditamos),

Posso ver penumbra que medeia

A luz dos meus feitos criadores

E a minha sombra fatalista

Como uma oponente temível.



Tenho sim, o meu lado sombrio,

Aquilo que não quero ser, mas sou,

Aquilo que expõe as minhas falhas

E iludindo, me embala e seduz,

Faz-me até de mim próprio fugir,

Pelos destroços de ideais falhados

Alojados em espaço difícil de se viver.



Tenho sim, o meu lado de elogio,

Aquilo que sou… porque sou,

Aquilo que aviva, feito acendalhas

E atiça o meu recanto de luz,

Faz-me olhar de frente e sorrir

Pelos troféus de ideais conquistados

Alojados em espaço bonito de se ver.



Sei que a sombra ganha poder

Pelo poder que eu lhe confiro,

E tenho o poder de assumir

Que essa força não persiste.

Ponho fim à contrariedade…

E irei fazê-la resplandecer,

Com a força que o Universo me deu.



Se o “bem” e “mal” não reconhecer,

Deixo de sentir o que transfiro

E fico simplesmente a sentir

Que a dualidade já não existe,

Que encontro nova identidade

Reconvertida em novo ser

E asseguro que tenho apenas um “eu”.



© Jorge Nuno (2013)