02/09/2013

Mudança de Agulha



"O nosso 'eu' nuclear é estável e permanente; portanto, nada tem a recear da mudança. O desconhecido é necessário para a mudança. Quando fazemos as pazes com este facto o mundo transforma-se, passando de um lugar de risco constante para o parque de recreio do inesperado"

Deepak Chopra (1946 – ...)
Médico endocrinologista indiano, escritor e professor de Ayurveda (conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dele um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade), espiritualidade e medicina corpo-mente. Autor de mais de 25 livros de autoajuda (vários bestsellers), traduzidos em mais de 35 idiomas, tornou-se o mais conhecido divulgador da filosofia oriental no mundo ocidental.


MUDANÇA DE AGULHA

Em noites de vendaval
Da floresta ao descampado,
Soltam assustadores rugidos…
Feras ou desconhecidos,
Num dinâmico horror forçado
Manchado de luta desigual.
Entre sangue derramado
E a flacidez dos feridos
Em contenda imoral,
Vive-se um tempo apagado
Abafado por sons aguerridos
De vulgo caráter boçal.

Basta o mudar de uma agulha,
Como quem muda de canal,
Tem um novo par de lentes
Ou vive a cena por encanto.
Deixa-se o mundo do pulha
Sem relevar qualquer mal…
É um problema de mentes.
Agora o cenário é um espanto!

Numa tarde soalheira:
Há gatos a ronronar
Na coberta da churrasqueira;
Crianças na “apanhada”
Com risos de simplicidade,
Repetindo o rodopiar
À volta da macieira carregada;
Descaído, o avô dormia
Ressonando (coisas da idade…)
Com a fatia na mão
E parte da melancia
A jazer, partida no chão;
E os pais, num terno olhar
Em pose descontraída
E amena cavaqueira,
Atacam duas “teclas” de entrecosto
Dão dois dedos de conversa
E aquele beijo sentido
Que teimava em não chegar!

© Jorge Nuno (2013)

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