12/05/2012

Muitas Vidas


MUITAS VIDAS

Noutra vida…
Privado da liberdade vivi.
Por levar longe demais a minha voz:
Encarcerado, padeci,
Por delito de opinião;
Pobre de aspeto, sofri,
Consciente da minha razão;
Rico em ideais e livre de grilhetas, parti,
Livre, para outra vida
Junto de egrégios avós.

Nesta vida…
Depressa vi que sem liberdade nasci.
Soube de resistentes privados de liberdade,
Vivi as difíceis lutas estudantis, sem liberdade,
Vivi as ousadas lutas militares, pela liberdade,
Vivi as constantes lutas diárias,
Pela sobrevivência, finalmente em liberdade.
Hoje, com fortes retrocessos no processo…
E quando devia ser o descanso do guerreiro,
Tento levar longe a minha voz,
Sinto necessidade de uma luta incessante
Ao ver o meu tempo esgotar.

Numa próxima vida…
Sei que voltarei.
Voltarei para resgatar
O muito que ficou por fazer.
Voltarei para resgatar
O muito que ficou por lutar!

Almada, 12 de maio de 2012
              Jorge Nuno

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