15/07/2012

Viagem Intergalática


VIAGEM INTERGALÁTICA

Avisto ao longe a supergigante Bételgeuse,
E os distantes e monstruosos quasares.
Vejo rastos da implosão de outra estrela gigante,
Dando origem, com a matéria, a uma nebulosa
E à formação de mais uma supernova.
Uma anã branca acaba de se tornar visível…
Até um dia que a parceira se torne gigante vermelha!...
São estrelas a morrer para dar vida a outras!
Vejo o espetacular efeito visual de biliões de galáxias,
Umas elípticas, outras com os seus braços em espiral.
Vindo de Andrómeda, passo pelas Nuvens de Magalhães
E aproximo-me da nossa Via Láctea!

Já estou com vontade de regressar! …

Já estou com vontade de regressar…
A um país bendito, maravilhoso…
Com orçamento, anualmente retificado,
Que é um imenso buraco negro
Fazendo dos muitos mil milhões um eclipse.
Um país onde há muita estrela cadente.
Estrelas, sem estilo, que passam como cometas.
Estrelas, sem brilho, que se julgam galáxias.
Satélites naturais, a resplandecer com o brilho de outrem.
Um país que em ebulição, tem muita gente
A lembrar "quarks", por formarem protões
E neutrões, como partículas a chocar,
Incessantemente, sem parar,
Agitadas umas contra as outras.
E uma classe política que se julga dona do Universo
E maravilha a vida do povo com uma nebulosa.
Uma classe atenta, que age com acuidade,
Que governa orientando-se pela estrela Polar
E que se governa consultando o Zodíaco.
Que apesar da sua visão a anos-luz da realidade,
Tudo vai fazendo, de forma diligente e à velocidade da luz
Para aumentar o número de pobres e sem-abrigo,
Na expectativa de estes poderem esquecer
A decadente e promíscua vida mundana
E garantir-lhes o elixir da eterna felicidade
Ao sentirem na face os ventos solares,
Observarem no horizonte a refração da luz,
E, com sorte, à noite, a aurora boreal,
As diversas fases da lua e os movimentos das marés,
A iluminação dos céus com uma chuva de meteoritos
E a contemplação, única, das verdadeiras estrelas no céu!

Quando finalmente chegar ao meu país,
No exercício de plena cidadania ativa,
Irei sugerir a substituição de computadores Magalhães
Por telescópios, mesmo de média potência,
Para os atingidos por estas medidas de eterna felicidade
(Verdadeiros laboratórios de Ciência-Viva)
Pedirem a equivalência a doutorados em Ciência
E engrandecerem o país com a magia da Astronomia!

Algures nas Nuvens de Magalhães, 14 de julho de 2012
     (sem indicação do ano estelar, por falta de pilha)
                                 Jorge Nuno

2 comentários:

  1. Albertino Galvão30/09/2012, 21:36:00

    Meu caro amigo bom regresso à terra e a este país onde nos surpreendemos a cada dia que passa com a ignorância, incompetência e insensibilidade de quem o governa.
    Parabéns amigo!
    Abraço
    Abgalvão

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  2. Amigo Albertino, não sei como... mas já cheguei. Num mundo de cor... HD e até 3D, fiquei surpreendido, pois encontrei tudo cinzento por cá, como se o vulcão dos Capelinhos tivesse atingido este retângulo. Um abraço amigo. Jorge Nuno

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